quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SOLIDÃO E ISOLAMENTO

“Se você se sente só, é porque ergueu muros em vez de pontes” (Willian Shakespeare)

O que é a solidão para muitos hoje? Talvez uma fuga, um refúgio, uma saída do social. A solidão é o mal do século, não é de agora que os homens se isolam do mundo em busca das respostas que lhe afligem. A solidão dos poetas é o que os fazem criar versos tão fantásticos, que impressionam nossa imaginação. O artista é outro que cria várias obras que fascinam ou até o escritor que precisa se isolar do mundo para escrever suas obras. O que faz as pessoas se sentirem tão isoladas a ponto de não buscar o convívio social, de não encontrar mais a paz e se inebriar nas drogas, de se encontrar diante de depressões tão horríveis e quererem desistir da vida? O homem está sempre em busca de um complemento, do que é fantástico e extraordinário, não é toa que muitos se encontram em igrejas, por medo da solidão, buscam a completude em “Deus”.
            Como já dizia Arnaldo Jabor em sua crônica “Estamos com Fome de Amor”, citando Renato Russo ele diz: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".  Como já havia dito, este é o mal que aflige a razão humana, não só neste século, mas em muitos. Festinhas de comemoração, belas garotas mostrando seus belos vestidos de forma fútil, garotos buscando na embriaguez, eis a solidão, tomando forma em nossas vidas.
            O que pode ser valoroso para alguns, é ruim para outrem. Muitos monges, inclusive os budistas, valorizam a solidão como virtude. Para Artur Schopenhauer, a solidão, a angústia, a dor, o sofrimento, é algo positivo, porque é o que nos faz sentir vivos, enquanto a felicidade é um mal agravante “porque não fazem senão suprimir um desejo e terminar um desgosto”. (SCHOPENHAUER, 1958)
            Isso nos mostra que a solidão não deve ser encarada somente como uma fuga, um isolamento, e sim como uma busca interior, do seu “eu”. Essa é uma ideia da qual não deve ser desconsiderada. Quando falo aqui em isolamento, não digo aquele do qual algumas pessoas se trancam em um quarto escuro e caem em depressão profunda – como existem casos como estes – e sim, o isolamento social, de se sentirem tão inferiores a qualquer pessoa, a ponto de dizer que sua existência é algo sem importância.
            A solidão é algo concomitante, ninguém se isola por nada, estamos sempre nessa busca pela completude, e quando nada nos preenche – inclusive amigos e familiares, pronto para nos ajudar – atrofiamos isso em nós e entramos em depressão profunda, essa não é uma saída, talvez algo para chamar a atenção – posso estar errado –, mas uma fuga, um isolamento de não querer encontrar respostas, de definhar em suas lágrimas e falecer fisicamente. O pensamento é de morte.
            Enfim, o homem está sempre em busca de respostas. A solidão é uma virtude, segundo os budistas; é um bem por nos fazer sentir vivos, segundo Schopenhauer. Se definirmos como algo fútil, encontramos nas redes sociais da internet pessoas sempre em busca de outra, ou até mesmo de falar aos quatro ventos que escolheu a solidão, porque essa é única saída. Existe um ditado Tibetano que diz que, se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele? Nada é tão difícil que não possamos resolver, inclusive a solidão.

REFERÊNCIAS

SHOPENHAUER, Artur. Dores do Mundo. Tradução: A. F. Rocha. Ed Simões, 1958, Rio de Janeiro-RJ.