domingo, 4 de dezembro de 2011

O Homem e o Abismo

Sabe aquele momento em que nos encontramos em uma situação inesperada? Um homem em sua sã realidade jamais gostaria de passar por tais indagações, preso em um turbilhão de imagens e situações constrangedoras. Sua imagem não mais lhe pertence. Seus sonhos são de todos, menos seus. Qual homem suportaria viver em tal situação?
Diante da era digital, milhões fogem para as redes sociais em busca de abrigo para confortar seus egos, são religiosos, homens e mulheres de bem, promíscuos e amantes da informática. Todos conectados a uma rede de informações, muitas vezes esquecem a sua vida e passam a se preocupar com a dos outros.
O homem e meio as suas indagações, preso em seus concomitantes pensamentos sobre esse futuro mórbido da humanidade, presente a tais efeitos, questiona o presente desconstruído e sem nexo. O mundo está virado, não mais vivemos, somos engolidos pela máquina exuberante da mídia, de imagens problemáticas que nos causam desde invejas a vômitos mentais.
Preso a esta complexa rede, somos envolvidos e caminhamos passo a passo para um futuro desconexo e sem órbita. O homem está diante de seu abismo, buscando interesse e satisfação nas relações virtuais, nas falsas companhias, sem segredos, sem mistérios, consumido por falsos desejos.
Entre suas muitas perguntas, preso a essa teia, não se encontra mais religião, moralidade, ética, vontade, tudo isso é coisa do passado, ninguém tem mais respeito e nem se dá ao respeito, a falsa felicidade é mais forte que a realidade daqueles que buscam por dias melhores.
No final o homem se encontra vomitado sobre si, escarrado pela mídia, não se é mais quem quer que seja não se é o que se procura ser, não existe liberdade, o libre arbitrium é só uma fachada, não se engane, não existe mais nomes, o que existe é só uma pútrida existência.

Diogo Correia

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SOLIDÃO E ISOLAMENTO

“Se você se sente só, é porque ergueu muros em vez de pontes” (Willian Shakespeare)

O que é a solidão para muitos hoje? Talvez uma fuga, um refúgio, uma saída do social. A solidão é o mal do século, não é de agora que os homens se isolam do mundo em busca das respostas que lhe afligem. A solidão dos poetas é o que os fazem criar versos tão fantásticos, que impressionam nossa imaginação. O artista é outro que cria várias obras que fascinam ou até o escritor que precisa se isolar do mundo para escrever suas obras. O que faz as pessoas se sentirem tão isoladas a ponto de não buscar o convívio social, de não encontrar mais a paz e se inebriar nas drogas, de se encontrar diante de depressões tão horríveis e quererem desistir da vida? O homem está sempre em busca de um complemento, do que é fantástico e extraordinário, não é toa que muitos se encontram em igrejas, por medo da solidão, buscam a completude em “Deus”.
            Como já dizia Arnaldo Jabor em sua crônica “Estamos com Fome de Amor”, citando Renato Russo ele diz: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".  Como já havia dito, este é o mal que aflige a razão humana, não só neste século, mas em muitos. Festinhas de comemoração, belas garotas mostrando seus belos vestidos de forma fútil, garotos buscando na embriaguez, eis a solidão, tomando forma em nossas vidas.
            O que pode ser valoroso para alguns, é ruim para outrem. Muitos monges, inclusive os budistas, valorizam a solidão como virtude. Para Artur Schopenhauer, a solidão, a angústia, a dor, o sofrimento, é algo positivo, porque é o que nos faz sentir vivos, enquanto a felicidade é um mal agravante “porque não fazem senão suprimir um desejo e terminar um desgosto”. (SCHOPENHAUER, 1958)
            Isso nos mostra que a solidão não deve ser encarada somente como uma fuga, um isolamento, e sim como uma busca interior, do seu “eu”. Essa é uma ideia da qual não deve ser desconsiderada. Quando falo aqui em isolamento, não digo aquele do qual algumas pessoas se trancam em um quarto escuro e caem em depressão profunda – como existem casos como estes – e sim, o isolamento social, de se sentirem tão inferiores a qualquer pessoa, a ponto de dizer que sua existência é algo sem importância.
            A solidão é algo concomitante, ninguém se isola por nada, estamos sempre nessa busca pela completude, e quando nada nos preenche – inclusive amigos e familiares, pronto para nos ajudar – atrofiamos isso em nós e entramos em depressão profunda, essa não é uma saída, talvez algo para chamar a atenção – posso estar errado –, mas uma fuga, um isolamento de não querer encontrar respostas, de definhar em suas lágrimas e falecer fisicamente. O pensamento é de morte.
            Enfim, o homem está sempre em busca de respostas. A solidão é uma virtude, segundo os budistas; é um bem por nos fazer sentir vivos, segundo Schopenhauer. Se definirmos como algo fútil, encontramos nas redes sociais da internet pessoas sempre em busca de outra, ou até mesmo de falar aos quatro ventos que escolheu a solidão, porque essa é única saída. Existe um ditado Tibetano que diz que, se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele? Nada é tão difícil que não possamos resolver, inclusive a solidão.

REFERÊNCIAS

SHOPENHAUER, Artur. Dores do Mundo. Tradução: A. F. Rocha. Ed Simões, 1958, Rio de Janeiro-RJ.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

INDAGAÇÕES DO ABISMO

Caminhando exausto em meus pensamentos, me vejo em um abismo sem fim, cheio de frustrações, raivas e algumas duvidas sobre a vida, o que a vida? quem sou eu? enfim, são perguntas sem fundamentos e sem respostas. Meus sonhos são de um âmago infundado onde abriga as verdades sobre quem sou, escondido através de imagens, não de palavras, o que digo não é importante, mas a cena que acontece. 

O que é a reposta da vida, senão a morte? quem pode definir o que é certo e o que errado, senão a moral e a ética de cada um? São tantas questões e só eu posso dar essas respostas, quem possui o mapa da minha vida, quem luta com meus demônios, quem sente raiva por essa casca todos os dias, é somente eu, então, ninguém deve interferir em minhas verdades, cada um faz suas escolhas, ninguém tem o direito sobre a vida de ninguém.

Mas o que posso mais refletir, senão pelo caminhar profundo de meus pensamentos, mais sórdidos, a solidão de quem se encontra nesse quarto escuro e sem vida, a luz não chega até aqui, mas não pra sempre que isso ocorre, é de vez em quando. Organizo meus pensamentos de acordo com minhas escolhas, não reluto com as idéias sem fúteis.

Já dizia o mestre Shopenhauer sobre a dor: "Se a nossa existência não tem por fim imediato a dor, pode dizer-se que não tem razão alguma de ser no mundo. Porque é absurdo admitir que a dor sem fim, que nasce da miséria inerente à vida e enche o mundo, seja apenas um puro acidente, e não o próprio fim."

A dor faz parte desse mundo, faz parte desse ser que sou, faz parte da vida, faz parte do prazer da existência, sem a dor, nada seria tão agradável, nada seria tão certo, não teria equilibrio. É certo que nem todos concordam, mas não me importo com a crítica in-pensada, mas a re-pensada sobre os verdadeiros valores. Não sou culpado por pensar assim, a vida se encarregou de me ensinar a parte prática, os valores éticos e morais da sociedade me ajudaram re-lutar e re-formar o que eu sou hoje, o ser existencial.

Por isso que a dor será de sentido positivo, "visto que se faz sentir", a grande angústia do homem em sua totalidade se chama felicidade, que satisfatóriamente é negativo, pois não traz senão a suprimissão de um desejo e término em um desgosto, pelas palavras do mestre. Não me ajoelharei perante o que as pessoas dizem o que as torna feliz, o certo é que, farei de acordo com os valores a qual foram concebidos aos meus pensamentos, a minha formação como personagem da vida, que as vezes cai em um abismo e que sempre sobe até o topo sem ter necessidade sobre o que as pessoas pensam sobre quem eu sou e o que devo fazer da minha vida.

Suprir a vida através do que se acredita.
                   A vida está por trás do reflexo do espelho. 
                                        Saia da Matrix e liberte sua mente.

Diogo Correia

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ANGELICUM PRAESIDIUM


Alguém caminha pela rua quase escura, é uma noite de outono, o bairro fica praticamente deserto, não se uma alma perdida caminhando por esses arredores, cães latem, tudo ocorre como houve-se planejamento. Este Alguém é Adan Smith, um adolescente comum, estatura mediana, cabelo castanho espetado, olhos castanhos, ele usa calças largas como dos Rappers, jaqueta preta, camisa de alguma banda rock e um fone de ouvido ligado ao iphone, ele caminha despreocupado na rua. Horas antes Adan estava em casa deitado do seu quarto, enquanto sua mãe fazia o jantar e seu pai assistia ao jogo na TV, era bizarro porque nada de muito incomum acontecia naquele bairro, pessoas eram sempre abordadas por assaltantes e/ou atacadas por alguma gangue, era algo bem comum. O tédio se tornou um aliado, já que sua vida andava mesmo sem graça. Saiu do seu quarto, foi até a mesa na hora do Jantar, aquele silencio era confortante pra si. Assim que terminou pegou o iphone, colocou os fones e foi dar uma volta. O Vento frio, a noite iluminada somente pelos postes, a rua deserta, exceto por alguns gatos, e cães que ladravam.
Era certo que algo iria acontecer naquela noite, um pedaço de papel que estava voando cola no braço de Adan, ele não ignora e lê: “Te encontro no final da rua, não me deixe esperando”. Não havia assinatura. Certo que ele achava que não era pra ele, continuou andando sem preocupação. Alguns postes apagaram no local, achou que não era nada demais, a não ser, problemas com a afiação que causou um curto circuito, apagou por alguns segundos e voltou a iluminar, sendo que após acender, apareceu um homem de paletó com um sobretudo negro. O Homem era branco, um pouco loiro, cabelo liso e amarrado, rosto largo, usava um chapéu daqueles de filme de Gangster, era alto com seus 1,85m, e falava com um tom sério:
- Porque demorou tanto Adan?
Adan ficou perplexo, primeiro, como é que aquele homem surgiu no breu total? Segundo, como ele sabia seu nome? E terceiro, o tal bilhete que leu e depois o ignorou, nada fazia sentido, Quem era esse homem? O que ele quer?
Ele repetiu novamente a pergunta, Adan não sabia o que responder, estava perplexo demais pra dar uma resposta lógica e coerente. Respirou fundo e então perguntou:
- Nos conhecemos?
- Sim, como pode ter esquecido de seu anjo da guarda?
- Anjo da Guarda? Só pode ser piada né?
- Não é nenhuma piada, meu nome é Ezequiel, um anjo protetore, e estou aqui pra te avisar...
- Avisar sobre? – perguntou Adan.
- Há algum tempo, alguns mercadores de almas, por algumas fontes, descobriram por acaso que existia uma certa alma rara, que por acaso a detectaram, e é sua Adan. Eles virão no intuito de negociar sua alma em troca de mixaria. Abra os olhos, e quando vierem até você, faça uma oração que virei.
As luzes se apagaram, aquele breu tomou conta daquela parte onde ele estava, e as luzes voltaram, e aquele homem não estava mais lá. Tudo muito estranho e novo pra ele, uma alma rara? Quem diria, e ele achava que não valia mais que um saco de bosta. Mas acreditar naquele acontecimento? Talvez, foi tudo muito bizarro e impressionante.
Então ele decide voltar e lembrar-se do que tinha acontecido naquela noite.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Placa do Destino


Era um dia de segunda de manhã, havia poucas horas que tinha acordado, não tive um final de semana tão perfeito, fiz o que fazia sempre, saía pra beber com uns amigos e quem sabe dá umas paqueradas, afinal de contas, sou um homem solteiro. Bom, mas uma semana que chega e a busca incessante por um dia menos chato, não é toa que as pessoas bebem ou usam drogas, porque esse é um modo de fuga, fuga desse mundo tão conturbado. Soube que hoje vai ser mostrada numa exposição, uma placa de pedra, dizem que é de um tempo antigo e esquecido, não se sabe a época atual, e ninguém sabe se é realmente terreno, porém não há mais nada pra ser descoberto nesse mundo, às pessoas encontram coisas e então dizem que existe algum mistério por trás disso, que era dos povos antigos e seus mitos sobre a criação, tudo blábláblá, coisa de gente que não tem o que fazer, mas como depois do trabalho não tenho pra onde ir, acho que darei uma passada no museu para ver a tal placa.
Fiz uma pesquisa sobre a placa, entrei no site do museu, e estudei um pouco sobre, diz aqui que foi achado em uma caverna no deserto do Atacama no Chile, o arqueólogo que encontrou a placa, disse que o entrou em uma câmara imensa, parecia que o lugar era de um tempo esquecido, tinha uma linguagem estranha nas paredes, de uma língua que não era nenhuma das quais que conhecemos. O único que tocou na placa, que foi justamente o arqueólogo que encontrou, diz ter ouvido depois de ter tocado um uivo, que segundo ele, arrepiaram todos os pelos do seu corpo. Após chegar a Nova York, foi internado num sanatório. Não se sabe bem o que aconteceu, mas dizem que ele ainda diz ouvir o uivo dos demônios querendo arrancar a sua alma. Não sou psicólogo, nem fui estudante de psicologia, mas lembro de ter lido sobre um artigo falando sobre isso, mas talvez ele tivesse tendências e isso só foi um motivo pra ele expressar que estava senil. Pobre homem.
Não sou nenhum descrente, mas por via das duvidas, espero não tocar na tal placa. Sei também que ela vai estar bem protegida por uma caixa de vidro para que todos possam admirá-la, duvida um pouco sobre o pobre e louco arqueólogo, não gostaria de ficar pirado como ele, apesar de que se eu estudar muito todos os dias ficarei assim como ele, esquizofrênico.
Continua...

Diogo Correia